sexta-feira, 4 de março de 2011

Café - a perfeição efêmera

Outro dia sentei-me calma num lugarzinho charmoso, já ansiosa pela chegada de uma xícara de um espresso perfeito. E comecei a pensar sobre porque algo tão efêmero como o café, que não pode demorar mais do que uns poucos minutos pra ser degustado, pode ter se tornado objeto de tamanha adoração, de tamanha dedicação desde o cultivo até a extração. Por que ele é tema de músicas, de pinturas. de blogs? Por que um café mereceria aquele tipo de atenção que demanda a perfeição? Oras... porque o café é como uma obra de arte efêmera. Ele toca os sentidos de uma maneira profunda. Ele fala ao tato, ao olfato, ao olhar. Existe algo de belo numa xícara perfeita. E parece ser ainda mais belo porque efêmero. Cada vez mais tenho a convicção - mais sentida do que pensada - de que são as coisas efêmeras as que mais importam. Nada contra as coisas duradouras. Mas o que importa nas coisas duradouras é justamente o uso efêmero que delas fazemos: é o conforto da cama a cada vez que se deita nela, é o coração que bate com cada novo beijo do já duradouro amor, é o nosso ser que persiste no decorrer de nossa vida, mas que só "é" para nós nesse momento, nesse agora, mesmo que traga consigo todo seu passado, todas as emoções já vividas, as ideias já pensadas. E o que dá graça a essa existência senão esse conjunto de efêmeros, que vem e que vão, e que sempre que surgem, novos ou velhos, nos fazem sentir prazer em viver.